Tudo o que você pode fazer para abastecer menos seu carro
Atitudes simples fazem o tanque do carro render muito mais
Com essas dicas você verá essa cena com menos frequência
Os carros brasileiros estão mais econômicos. Mesmo os modelos mais baratos hoje tem pneus ecológicos, de baixa resistência à rolagem, indicador de troca de marcha, econômetro e até start-stop, que desliga o motor em paradas para economizar combustível.
Mas o consumo de um carro não depende apenas do carro. A forma como você dirige e os cuidados que tem com seu carro também influenciam bastante no rendimento do tanque.
Aqui vão alguns exemplos de atitudes simples que podem ajudar a aumentar o intervalo de abastecimento.
1 – Pegue leve com o acelerador
Hoje o acelerador não tem conexão mecânica com o motor. A ligação acontece por fios.
Arrancar rápido e depois manter velocidade constante não é mais eficiente. Ao pisar fundo, mais ar é admitido pelo motor, exigindo mais combustível para que a queima ocorra. As emissões de poluentes também aumentam nessa situação.
Fazer o motor chegar a giros elevados é ainda pior. A partir de uma certa rotação é injetado mais gasolina nas câmaras de combustão só para arrefecer o motor.
O momento que isso ocorre varia de acordo com o carro e motor. No Renault Kwid acontece a 4.300 rpm e só com gasolina, mas é comum ocorrer também com álcool em outros carros.
O melhor a ser feito é ganhar velocidade lentamente, sem acelerações bruscas, seguindo o indicador de troca de marchas e/ou o econômetro, se houver. Eles interpretam a forma como você dirige, a inclinação da via, o combustível e a posição do pedal e estabelecem a forma mais eficiente de conduzir o veículo.
No plano, sinta-se à vontade para pular da primeira para a terceira marcha, mantendo o motor sempre dentro da faixa ideal de rotação.
Em veículos com câmbio automático, evite o “kick-down” que é a redução de uma marcha provocada ao apertar o pedal do acelerador até o final do seu curso.
Se tiver modo de condução, use o mais econômico. Ele mudará o mapa do pedal do acelerador, passando a sensação de que o carro perdeu força. Na verdade, o motor passa a entregar seu torque da forma mais equilibrada entre força e eficiência.
2 – Não corra
O consumo aumenta de acordo com a velocidade, mas esta relação varia de carro para caro
Teste recente com os carros do Longa Duração mostrou como a velocidade aumenta o consumo de um carro. Com o Fiat Argo, a 120 km/h o consumo foi 30,2% maior do que a 80 km/h. Com o Renault Kwid, porém, a diferença foi de 40,3%.
Na prática, em uma viagem de 500 km com o compacto da Renault seria gasto R$ 161,62 com gasolina a 120 km/h. A 80 km/h, o custo seria de R$ 96,50.
É um exemplo um pouco extremo, mas mostra que é possível reduzir bastante os gastos com um pequeno aumento na duração da viagem. O impacto no tempo de percursos do dia a dia seria pequeno, mas teria impacto nos gastos no final do mês.
3 – Fique atento aos pneus
Pneus com pressão baixa A diferença entre o pneu calibrado e o descalibrado é visível e sensível, tanto no comportamento dinâmico como no consumo
Pneus de baixa resistência à rolagem podem reduzir o consumo até 8%, com emissão de CO2 reduzida em até 5%. O segredo está na maior quantidade de sílica na composição da borracha, em substituição ao negro de fumo. Isso reduz a resistência ao rolamento em até 40% e também aumenta a durabilidade dos pneus.
Mas de nada adianta os pneus especiais se não forem mantidos com a pressão correta estabelecida pelo fabricante.
De acordo com Marcio Maia, engenheiro de motores da Renault, em um carro cuja a pressão ideal dos pneus é 32 psi, rodar com 22 psi aumenta o consumo em 20% – bem mais do que a redução prometida pelos pneus. Os pneus se deformarão mais, também, o que diminuirá sua durabilidade a médio e longo prazo.
Alguns carros têm indicação de pressão maior para economia de combustível. O lado contra é o conforto de rodagem será prejudicado.
Outra questão que afeta diretamente os pneus e o consumo é o alinhamento da direção. Se estiver fora do padrão estipulado pelo fabricante o motor fará esforço muito maior, resultando em maior gasto de borracha e combustível (até 10%).
4 – Tente prever o trânsito
No trânsito lento, evite ao máximo as paradas
Mantenha a velocidade do veículo o mais uniforme possível, evitando situações de trânsito intenso e o anda e para. Nada gasta mais combustível do que colocar o carro em movimento.
Para isso, mantenha distância do carro da frente e preste atenção em dois ou três carros que estão à frente dele. Assim, você poderá tomar decisões com antecedência, como calcular se uma mudança de faixa evitará parar o carro ou se bastará tirar o pé do acelerador em vez de usar o freio.
Isso funciona e provamos em uma reportagem. Três motoristas fizeram o mesmo percurso duas vezes: a primeira usando seu próprio estilo e a segunda com as técnicas de antecipação e trocas de marcha no tempo certo: a redução no consumo foi de até 44%.
5 – Coloque o freio-motor para trabalhar
Ao reduzir uma marcha o motor ajuda a diminuir a velocidade
Este está intrinsecamente ligado a uma condução suave. Se há um semáforo vermelho a 200 m, primeiro tire o pé do acelerador e depois reduza as marchas progressivamente antes de recorrer aos freios. Você não perde tempo perdendo isso, mas evita desgaste do carro e economiza combustível.
Ao reduzir marcha sem acelerar, a injeção de combustível no motor é interrompida: por mais que a rotação aumente, nenhum mililitro de combustível é queimado.
6 – Use o ar-condicionado com moderação
Sistema de ar-condicionado modernos são mais eficientes
A direção elétrica, tão comum hoje, não rouba força do motor como a hidráulica. Mas ainda são raríssimos os carros com ar-condicionado que não depende do motor do carro e usam um motor elétrico próprio para isso.
O ar-condicionado ligado pode aumentar o consumo em mais de 5%. Como o Brasil é um país quente, talvez não valha à pena o desconforto para ter essa economia. Mas vale ponderar o uso em dias de temperatura amena.
Em alguns carros, como o Toyota Corolla e o Ford EcoSport, o compressor do ar-condicionado tem volume variável (entre 5% e 100%), que permite um gerenciamento mais eficiente do sistema, captando menos energia do motor.
Para se beneficiar disso, basta evitar deixar a cabine mais fria do que o necessário.
7 – O mecânico também tem família
Vilões do consumo Não descuide da manutenção. Carro desregulado gasta e polui mais. Filtros saturados comprometem a mistura de ar e combustível. Velas gastas prejudicam a ignição
São as velas as responsáveis pela ignição do combustível dentro do motor. Se elas estão gastas, o consumo pode aumentar em até 25%. Filtro de ar saturado ou os de óleo e combustível entupidos podem, cada um, fazer o motor gastar 20% mais combustível.
É o pior dos mundos. O carro estará gastando mais combustível e terá desempenho péssimo. Resolver tudo isso dificilmente custará mais de R$ 200.
Também deve-se trocar o óleo do motor nos prazos certos. Um óleo de má qualidade ou vencido aumenta o atrito interno do motor. Assim, parte da energia que iria para as rodas é perdida com maior aquecimento do motor.
8 – Esvazie seu carro
Leve no porta-malas apenas o que realmente é necessário
Você é daqueles que não enchem o tanque do carro para que ele não fique pesado? Sua estratégia tem lógica, mas o impacto disso é pequeno.
50 kg a mais no carro aumenta o consumo em 1%. Considerando que um litro de álcool ou gasolina pesa, em média, 720 g, o tanque do carro deveria ter 70 l de capacidade para impactar o consumo em 1%. Mas os tanques de hoje raramente superam os 50 l.
Mas é possível alcançar uma redução de peso significativa se você retirar algumas tralhas do carro. São a caixa de ferramentas, o guarda-sol e as peças de roupas esquecidas no porta-malas, por exemplo.
9 – Favoreça a aerodinâmica
Bicicleta do lado de fora prejudica a aerodinâmica e piora o consumo Bicicleta do lado de fora prejudica a aerodinâmica e piora o consumo
Quanto mais aerodinâmico seu carro for, menor a resistência de ar e maior a economia de combustível. Tudo bem que essa questão depende bastante do design e do projeto do carro, mas você pode fazer sua parte.
Retirar o bagageiro ou o suporte de bicicletas do teto quando não estão em uso são algumas estratégias. Outra é fechar as janelas acima dos 80 km/h.
10 – Use o percurso e a geografia a seu favor
Ladeiras exigem mais do motor
Seu carro será mais eficiente em estradas ou vias expressas, onde é possível manter velocidade constante, do que em vias urbanas, onde você está sujeito a semáforos.
Vale ficar atento às subidas, onde o carro gastará mais combustível. Por outro lado, é possível aproveitar a gravidade ao descer uma ladeira. Basta seguir o princípio do freio-motor: tire o pé do acelerador, mas mantenha o carro engrenado.
Fonte: Quatro Rodas